tinha uma pedra no meio do caminho

voei em uma multidão pra tentar te alcançar
e não te vi.
(nem sequer fui vista).

atravessei um mar de gente na tentativa de te oferecer um sorriso esperançoso enquanto tentava fazer você ler meus lábios dizendo "vem comigo?" e, mais uma vez, não te alcancei. 

você não me ouviu.
você nem me viu. 

me perguntei se eu não sou bonita ou interessante pra você,
com a certeza de que eu não sou bonita ou interessante pra ninguém.

daí eu fui até você só pra poder te olhar mais uma vez,
mas te perdi de vista e fiquei na dúvida se foi uma fuga ou um desencontro.
(mais um deles)

te chamei pra sair e você disse que sim e você disse que não e que sim e que não e... ah, tudo bem. 

mesmo.

eu entendo. 

amanhã é outro dia.

rodei por toda a cidade desejando te ver, assim, do nada,  pensando em como a gente faria o relógio se perder do tempo e poderíamos fazer cada borboletinha do estômago sair pela boca e encontrar um novo sentido pra voar, tudo isso enquanto a gente respira o mesmo ar, sem hora pra se despedir ou desviar o olhar.

rodei por toda a cidade com medo de te ver, assim, do nada, e você perceber que eu não sou bonita, engraçada, nem tão cheia de amigos ou feliz, inteligente e desenrolada assim em  qualquer dia, qualquer hora. ai meu deus desculpa pela bagunça estamos em obra. ai meu deus já pensou que louco te encontrar assim? (talvez você percebesse que a minha tristeza não é só uma poesia)

mas... se você me ler ou me ouvir ou me perceber eu sei que vai ser demais!

quer dizer, demais... too much, sabe? 

meio além da conta.
(só meio.)

às vezes eu acho que se por algum milagre da vida eu tiver te alcançado por um milésimo de segundo, talvez você já me ache uma maluca. 

eu juro que não sou... ao menos ainda. 

é só que eu acho um desperdício você aí e eu aqui, sendo que a gente poderia ouvir toda a discografia da Fresno e juntos a gente choraria muito mais. eu tenho certeza que o seu estrago parece um pouco o meu.

aliás, eu queria te dizer que eu não sou ninguém. que sim, eu já assisti todos os seus destaques do instagram, já te segui no spotify, te procurei no last.fm (sem sucesso) e, até te achei no letterboxd, mas fiquei com vergonha de te adicionar e você perceber que sou mesmo too much.

mas eu juro que não sou... (talvez um pouco.)

mas é que é muito raro eu querer tanto alguém. 

querer tanto e sentir tanto incômodo e inquietação e essa vontade toda de insistir e me aproximar e trocar calor, energia, saliva, sabe?

dar as mãos, meio tyler e marla, "you met me at a very strange time in my life".

dar as mãos e sentir o corpo explodindo com a certeza de que dá pra voar mesmo com os pés no chão. "it could be worse"

ok, também me assusta o quanto te desejo. não por ser uma obsessão, porque definitivamente não é (pode confiar, não é mesmo, eu assumiria pra você se fosse.)

mas sempre que você passa por mim de alguma forma eu sinto uma curiosidade absurda que pulsa no meu coração.

é tudo meio mágico, meio surpreendente, encantador, sabe?

por exemplo... qual música você tá ouvindo agora? quais os seus planos pra hoje? qual o próximo show que você vai assistir? qual camisa de banda você vai escolher pra ir trabalhar amanhã? espero que um dia eu consiga ser a primeira a saber qual tênis vai te acompanhar nas suas aventuras pela cidade. (será que a gente pode ir junto ver o yellowcard em agosto? we could leave this town and run forever, ou só até o seu litoral favorito, sabe, you can call me when you want a call.)

espero que um dia eu consiga ser a primeira a saber (e compartilhar) as suas aventuras dentro de casa. (sim, eu passaria tardes e noites inteiras assistindo aos piores realities na sua companhia.) aliás eu nem me importaria com os pêlos de gato no seu lençol, tá tudo bem, a loratadina pode fazer parte da minha vida, desde que você também seja uma parte significativa dela.

desculpa.

é too much, eu sei.

"te apresento o meu furacão", cantaria essa (e muitas outras) pra você. (posso considerar que você ainda me deve um karaokê?) 

(você me perdoaria quando eu esquecesse algumas letras?)

(você me perdoaria se tudo isso fosse só uma desculpa pra poder te olhar cantando e te deixar sem graça até me dar permissão pra eu roubar um beijo seu?).

já decidi, a gente precisa de um karaokê. (mas tudo bem se não quiser, pode ser qualquer outra coisa... mas pode ser alguma coisa?)

é que... você me diz tanto que eu não sei como não tem meu nome.

pronto, falei.

(mas sabe o que eu sei? eu sei que você vai entender essa referência e essa dança dos dias é só mais uma prova de como a gente é tão a gente que é assustador mas também encantador e instigante estimulante e... porque você? porque eu? justo eu que... definitivamente não sei como agir e vou acabar te afastando, assim, de graça, sem ter a chance de saber se a gente realmente teria uma chance. você daria uma chance? você me daria uma chance?)

pois bem, do you dare?

poucas vezes senti tanta dor assim. 

é meu último dia aqui e a gente não se viu por mais de 10 segundos.

primeiro eu achei que era ansiedade (maldita hora que esqueci a sertralina), depois eu achei que eram gases (maldita coca-cola do McDonald's), depois eu já não achava mais nada porque não conseguia pensar e tentar ficar de pé ao mesmo tempo (ah, a gravidade...)

poucas vezes senti tanta dor assim. 

eu até senti borboletas no estômago, mas aí quando eu cheguei no hospital eu entendi que a dor não era no coração, era no rim.

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