Atividade Extra-Curricular

Ela sai pra espairecer e vai até onde o vento quiser levá-la.
Ela quer ir ao encontro do outro.
Mas quem é esse outro?

Ao caminhar, observa.
Convicta de que a natureza fala, só precisamos ouvir.
São tantos pássaros no céu nessa tarde de domingo.
Essa tarde tão bonita...
Parece primavera com todas essas flores amarelas no chão.

Ela continua caminhando.

Continua caminhando pra ver o que encontra,
quem encontra, se encontra.
E a história vem...

Tem gente correndo, cada um no seu tempo.
Tantas realidades, tantas vidas, tantas histórias...
e ela ali, observando.
Será que alguém a observa?
Passam carros e as pessoas observam a paisagem.
Será que ela faz parte dessa imagem que contemplam?

Ela continua.

No caminho tem crianças, muitas delas.
Crianças que brincam, que pulam, que dão gargalhadas.
Crianças que soltam bolhas de sabão, na tentativa de estourá-las.
Bolhas que refletem as cores dos sonhos daquelas crianças.
São tantos sonhos, sonhos tão bonitos...

Ela continua caminhando.

No caminho tem casais de apaixonados, eternos namorados.
Jovens que se abraçam e se beijam. Se enamoram.
A felicidade se mostra em cada abraço infinito de alguns segundos,
ou naquele beijo sincero que se segue por um belo sorriso torto, tímido.
De mãos dadas, continuam a caminhar.

No caminho também tem um casal de velhinhos.
Sentados num banco onde conversam e trocam sorrisos apaixonados.
Com aquele amor que há tantos anos se faz presente,
exteriorizados por um carinho no cabelo e um beijo na testa.

Ela continua caminhando.

E olha só, aparecem outras crianças. Agora, no parque.
Correm de um lado para o outro, sorrindo.
Os pais admirando, eles estão felizes.
Cada criança que aparece, uma nova amizade.
Aquele vento forte bagunçando os cabelos, aquela areia toda sujando suas roupas.
Mas eles não se importam... só querem descer mais uma vez no escorregador
e se aventurar como nos filmes, antes que chegue a hora de ir embora.

Ela caminha mais um pouco.

E agora encontra os vendedores ambulantes.
Sorrindo o tempo todo, são aqueles que conversam com todo mundo que aparece.
Eles não vendem só pipoca, açaí, pastel ou refrigerante,
eles oferecem também a simpatia de alguém que é feliz com o que faz.
Eles oferecem a satisfação dos desejos.
Dos desejos dos casais, das crianças, dos apaixonados...
E também os daquela garota, que vive a observar.

Ela continua caminhando.

E chega no mar. Se senta e observa mais um pouco.
Tudo o que ela tem é o tempo. E nada mais.
Percebe que todas aquelas pessoas têm alguém, e ela está ali, sozinha.
Ninguém pode vê-la, mas ela está ali.
Só ela e o mar.
"Enquanto sós, união"

Apaixonada pelo mar e o mar por ela. Eles são tão iguais...
As vezes Heráclito, as vezes Parmênides.
Sempre Kairós.
Sem pressa, as vezes intenso, as vezes calmo.
Instável, mas charmoso. Perigoso, mas sedutor.
São amantes...
como as ondas que vem e vão.

Ao chegar em casa lembra dos tantos encontros.
Encontros não marcados. Encontros e desencontros. Tão bonitos e marcantes...
Ela pensa se deve voltar amanhã, mas prefere não.
Prefere permanecer na dúvida se todos os dias são tão bonitos, ou se é sempre tudo igual.
Mas ela vai voltar. Ela sabe que vai.
Na próxima angustia, na próxima falta, na próxima motivação.
Por enquanto, prevalece a saudade.
E ela vai ficar bem.
Sempre fica.

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