uma poesia, o mirante da lagoa e aquela sua camisa amarela (a minha favorita)

Eles foram ao cinema e o filme nem era tão bom, mas a boa companhia bastava. Eles sabiam que bastava e, apesar de não ter sido pleno, foi suficiente: o suficiente pra construírem alguma coisa que duraria por muito tempo. Um sentimento bonito de carinho, cumplicidade, cuidado e amor. Ela se lembra de como o seu rosto transparecia luz, mesmo sem o sol aparecer.

Ela lembra que a rua era pouco iluminada, mas, mesmo assim, ali mesmo ela conheceu cada detalhe do seu rosto. Ela nunca esqueceu. Ela guardou seu sorriso, seus olhos de sono, cada bocejo dado e cada vez que você abaixava a cabeça, meio tímido, meio sem saber como lidar com o silêncio que às vezes vinha preencher com sentimento o espaço vazio que as palavras deixavam. Era tão bom. Ela sabia que podia ser ela mesma e sabia ainda que você gostava disso e se sentia exatamente igual.

Foi a primeira vez que ela viu o nascer-do-sol naquela cidade e já tinha consigo a certeza de que não haveria outra melhor. O sol nasceu tímido, mas nem mesmo toda aquela neblina deixou que sentissem frio, porque o coração tava quente e nenhum fato externo poderia atrapalhar aquilo que eles sentiam. As horas passaram tão rápido que, com aqueles pés calçados na areia, lado-a-lado, ir embora não fazia sentido.

Ela tem aquele dia como favorito, assim como aquela camisa amarela que você usava e tanto gostava. Mas a melhor parte mesmo sempre foi o abraço: seu lugar mais seguro. Era quentinho, confortável, apertado e trazia consigo todos os seus cheiros e, levemente, no ouvido, guardava o som, o tom e o ritmo da sua respiração.

Postagens mais visitadas