a praia

nadar, nadar
e morrer
na praia

e a cabeça que dói
o olho que tá cansado
a garganta que não consegue mais abrir
o nariz que não consegue respirar
parece que meu corpo esquece de

respira

e aí o incômodo
o incômodo dele mesmo
que quer se vomitar e
nessa antropofagia
não existe vanguarda
não existe poesia
não existe

se augusto dos anjos estivesse aqui
ele diria pra todo mundo
que a poesia é feita de si, não dele
nem do outro, nem do ego, nem de.

há mais beleza na força interior
do que na boca que cala
e que ama
que beija
e que não tem olhos
pra ver a boca do outro
porque beija a si
e que não tem ouvidos
porque não escuta a boca dos outros
escuta o que quer ouvir
e que não tem paladar pra degustar o outro
e que não tem tato
pra entender que o sentir é particular
e infinito

mas a cabeça dói
e o remédio? decidi parar
e aí tudo parou
a respiração
o beijo
o toque
o som
o silêncio

a ausência
é tão presente
que nem se percebe
a ausência é presente
que a vida trás a morte trás a vida
mas é preciso morrer pra existir
entre viver calada
e morrer gritando
eu prefiro

nunca fui a dona da bola,
não vou entrar na ciranda
e na brincadeira das cadeiras
eu prefiro sentar no chão do que ver alguém sair

enquanto penso
o mal estar
o estômago dói
o vômito vem
e entre gênios e loucos
prefiro aprender a voar

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