too much to feel too much to fear

tem dia que parece noite e meu caminho é tão deserto quanto a minha mente. meus olhos são medo, meus ouvidos também. lá fora nunca foi tão perigoso e eu nunca quis tanto ir pra lá. viver com medo também é viver. não apesar dele, mas com ele. sentir o que dá do jeito que dá na tentativa de encontrar a si o outro alguém alguma coisa qualquer coisa ou mesmo coisa nenhuma não me importo aliás me importo até demais. da minha janela eu vejo um mundo todo mundo e é tudo tão nebuloso que eu não vejo nada nem ninguém, assim, tudo tão longe mas eu tô perto demais. o telefone toca e eu não sei se vou conseguir chegar a tempo do outro lado não desistir de tentar falar. se eu ao menos pudesse fingir mas são palavras atrás de palavras atrás de palavras. tem noite que parece um caminho tão movimentado quanto a minha mente e eu sinto tanta coisa que não sinto nada na verdade sinto muito e já perdi a conta de quantos anos se passaram desde que saí de casa e já perdi a conta desde que não saí de casa. aqui dentro nunca foi tão perigoso e eu nunca quis tanto entrar mais e sair mais e entrar mais. no fim não há fim no fim só há o caminho, esse que carrega a imensidão invisível do ego do inconsciente que está completamente incondicionalmente desesperadamente esperançosamente nostalgicamente perdido entre o espaço o tempo e a melancolia do existir.

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