ausência de pontualidade (e outras qualidades de toda mulher imperfeita)

eu nunca entendi a métrica de validação da vida.


se eu falo, sou grossa.
se eu não falo, "não tinha como adivinhar".
se eu faço, sou invasiva.
se eu não faço, me falta atitude.
se eu comento, sou pedante.
se eu não comento, sou desinteressada.
se eu tomo a iniciativa, sou precipitada.
mas se eu não tenho, "você precisa ser mais atenta".
se eu peço autorização, atraso o processo.
se eu não peço, sou desrespeitosa.
se eu peço uma opinião, sou insegura.
se eu não peço, sou individualista.
se eu tenho ou compartilho uma ideia, é coletiva.
se eu não tenho, me falta competência.
se eu peço autoria, sou egoísta.
se eu não peço, sou boba.
se eu sonho, sou ingênua.
se eu não sonho, sou acomodada.
se eu tento, é desperdício.
se eu não tento, sou desmotivada.
se eu quero, sou gananciosa.
se eu não quero, sou preguiçosa.
se eu levo a sério, sou chata.
se eu dou risada, sou espalhafatosa.
se eu aceito, sou fácil.
se eu recuso, sou ingrata.
se eu elogio, me falta senso crítico.
se eu faço uma crítica, sou exigente.

pois, que se foda a métrica de validação da vida.

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